Levantamento da Universidade de Buckingham revela queda no percentual de jovens que se declaram transgênero ou queer, enquanto a heterossexualidade cresce.
Um novo levantamento revela que a autoidentificação de estudantes como transgênero ou queer está em declínio nos Estados Unidos, enquanto a de heterossexuais cresce.
O Centro de Ciências Sociais Heterodoxas da Universidade de Buckingham, na Inglaterra, apura uma mudança significativa na autoidentificação de gênero e sexualidade entre jovens nos Estados Unidos, com dados divulgados em 10 de outubro indicando um declínio de estudantes que se identificam como transgênero ou queer e um aumento entre os heterossexuais.
Após um período de ascensão nas décadas de 2010 e 2020, a proporção de universitários que se declaram transgênero ou queer diminuiu de quase 7% em 2023 para menos de 4% em 2025. Paralelamente, a porcentagem de estudantes que se identificam como heterossexuais elevou-se de 68% para 77% no mesmo período, conforme o estudo conduzido pelo professor Eric Kaufmann.
O relatório, intitulado “O declínio da identidade trans e queer entre jovens americanos”, analisou diversas pesquisas. Entre elas, estão entrevistas com mais de 50 mil alunos realizadas pela Fundação para os Direitos Individuais e a Expressão (FIRE) em campi universitários de ponta e também com estudantes do ensino médio. A análise também revelou que apenas 3,6% dos jovens adultos se identificaram com um gênero diferente de masculino ou feminino em 2025, uma queda constante em comparação com 5,2% em 2024 e 6,8% em 2023.
As tendências em orientação sexual, por sua vez, apresentaram maior complexidade. Embora as categorias de gays e lésbicas tenham se mantido estáveis, houve uma recuperação notável da heterossexualidade. Em 2020, 80% dos estudantes se identificavam como heterossexuais; esse índice encolheu 12 pontos percentuais, mas agora voltou a subir, ficando apenas 3% abaixo do valor medido em 2020. Outras categorias de não-heterossexuais viram uma queda geral de 10 pontos percentuais, com reduções mais acentuadas em pansexual e assexual.
A bissexualidade, que havia aumentado de 9% para 12% entre 2020 e 2023, registrou uma leve diminuição para 11% em 2025. Já a categoria queer, que havia subido de 7% para 15% no mesmo período de 2020-2023, retornou a 8% em 2025. Os pesquisadores, no entanto, ressaltam que o estudo não indica um único motivo para este declínio na identificação BTQ+.
Embora o relatório sugira que as identidades “trans e queer estão saindo de moda entre os jovens, especialmente em ambientes de elite”, e que a saúde mental pode ter um papel, a pesquisa não aponta uma causa primária. Por outro lado, o professor de psicologia Ritch Savin-Williams, de uma renomada universidade americana, contesta essa explicação. Para ele, o declínio na identificação BTQ+ poderia ser atribuído às políticas negativas em torno das pessoas trans, que fariam os jovens perceberem riscos para suas carreiras ao se identificarem dessa forma.
Os pesquisadores também consideraram a influência da cultura, o uso das mídias sociais e as guerras culturais e ideológicas nas identidades de gênero e sexuais dos estudantes, mas concluíram que tais fatores não tiveram um impacto relevante nos últimos dois anos. O documento finaliza afirmando que o declínio na identificação trans, queer e bissexual entre estudantes americanos pode sinalizar uma mudança cultural significativa e inesperada na sociedade.

