Presidente da OAB-RJ, Ana Tereza Basilio, revelou em vídeo que entrada da entidade e veículos de comunicação na comunidade carioca só foi possível com aval de criminosos; gravação foi posteriormente removida.
A presidente da OAB-RJ, Ana Tereza Basilio, revelou que a entrada da entidade e da imprensa no Morro do Alemão dependeu de autorização do tráfico local.
A Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ) e veículos de imprensa tiveram sua entrada no Morro do Alemão condicionada à autorização de traficantes locais. A revelação foi feita pela presidente da OAB-RJ, Ana Tereza Basilio, em um vídeo divulgado em suas redes sociais, no qual estava acompanhada do presidente da Comissão de Direitos Humanos da entidade, Sidney Guerra.
A visita ocorreu após uma megaoperação policial na comunidade carioca.
No vídeo, Basilio detalhou a atuação da equipe da OAB no Morro do Alemão, buscando verificar a situação local e prestar apoio às famílias afetadas pela operação. Ela expressou preocupação com a dependência da permissão do tráfico para o acesso: “Uma questão preocupante é que para a OAB e a imprensa subirem no Morro do Alemão, foi necessária a autorização do tráfico de drogas local.
Infelizmente, mas vamos continuar acompanhando”, declarou.
A publicação original foi feita na noite de uma quarta-feira (29) na página do Instagram da OAB-RJ, mas foi removida pouco tempo depois. Uma versão republicada do vídeo já não continha a parte em que Basilio mencionava a autorização dos criminosos. Contudo, a versão integral e sem edições foi preservada e divulgada por veículos como o Pleno.News, confirmando a declaração inicial.
A Ausência do Estado na Comunidade
Durante a visita, Sidney Guerra, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, expressou seu lamento pela perceptível ausência do Estado dentro da comunidade. Ele relatou não ter identificado a presença de agendas da polícia (civil ou militar), ambulâncias ou rabecões na área interna do Alemão, com esses serviços permanecendo do lado de fora.
O cenário descrito por Guerra reforça as críticas sobre a lacuna de serviços públicos essenciais em áreas de vulnerabilidade social e sob controle de facções criminosas. A necessidade de autorização do tráfico para que entidades civis e a imprensa possam atuar em comunidades é um sintoma alarmante da fragilidade da soberania estatal em certas regiões do país, levantando questões sobre a segurança e o acesso a direitos básicos para os moradores.

