Planalto reage a questionamentos sobre atuação federal e envia comitiva ao Rio de Janeiro em meio a megaoperação.
Pressionado por críticas à atuação federal, o governo Lula intensifica seu discurso e ações contra o crime organizado, enviando comitiva ao Rio após megaoperação.
Em meio à intensa repercussão de uma megaoperação contra o Comando Vermelho (CV) no Rio de Janeiro, que resultou em mais de 120 mortes nos complexos da Penha e do Alemão, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem se esforçado para reforçar seu discurso e ações de combate ao crime organizado. A letalidade da operação, considerada a maior da história do estado, colocou o Planalto sob os holofotes, exigindo uma resposta clara e contundente.
As movimentações federais ocorrem em um cenário de crescentes críticas, notadamente do governador do Rio, Cláudio Castro (PL). O chefe do executivo fluminense tem cobrado maior atuação do governo federal, chegando a declarar publicamente que o estado se encontra “sozinho” na luta contra as facções criminosas.
Essa pressão política externa adicionou urgência à necessidade de o governo Lula demonstrar proatividade e coordenação.
A situação foi agravada por uma aparente falha de comunicação após a operação. Inicialmente, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou que o governo federal não havia sido avisado sobre a ação no Rio. Contudo, em coletiva de imprensa posterior, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, retificou, informando que a corporação foi comunicada a “nível operacional”, mas avaliou que a ação não era de sua atribuição direta. Essa divergência de informações gerou questionamentos e serviu de munição para a oposição, aumentando a pressão sobre o presidente.
Resposta Federal e Articulação com o Rio
Diante do cenário de críticas e da necessidade de demonstrar uma reação efetiva, o presidente Lula intensificou gestos e anúncios. A primeira medida concreta foi o envio de uma comitiva de alto nível para a capital fluminense.
Na quarta-feira, 29 de outubro, embarcaram para o Rio o ministro Lewandowski, o diretor-geral Andrei Rodrigues, e as ministras Anielle Franco (Igualdade Racial) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos e Cidadania), sinalizando o engajamento de diversas frentes do governo.
No mesmo dia da chegada da comitiva, o ministro Lewandowski e o governador Cláudio Castro anunciaram a criação de um novo escritório emergencial de comunicação. Este órgão visa otimizar o fluxo de informações e evitar entraves burocráticos, permitindo respostas mais rápidas em situações de crise entre os governos federal e estadual.
Além disso, o titular da pasta da Justiça informou o envio imediato de 20 peritos da Polícia Federal para auxiliar nas investigações relacionadas à operação, reforçando o apoio técnico e operacional do governo federal na segurança pública do Rio.

