Ahmed Al-Khalidi critica a simplificação do conflito e o "narcisismo moral" de ativistas que, segundo ele, ignoram a realidade em Gaza.
Ahmed Al-Khalidi critica o apoio de ativistas ocidentais ao Hamas, alegando que eles ignoram a complexidade do conflito e a realidade em Gaza.
O ativista palestino Ahmed Al-Khalidi criticou, em publicação na rede X na terça-feira, 14, o apoio de ativistas ocidentais ao Hamas, alegando que muitos “projetam fantasias de rebelião sobre nossa tragédia”. Segundo ele, essa atitude serve às forças que oprimem os palestinos.
Al-Khalidi, que se define como “pragmático”, critica o grupo terrorista que controla Gaza desde 2007. Ele ganhou notoriedade ao defender a paz com Israel e pedir a rendição do Hamas para poupar vidas palestinas. O ativista argumenta que muitos militantes ocidentais precisam de uma narrativa simples de “bem contra o mal”, onde os palestinos são automaticamente vistos como vítimas e o Hamas como resistência, apagando o caráter autoritário do grupo e criando uma “clareza moral, mesmo que falsa”.
Ele descreve esse comportamento como uma forma de fuga da complexidade, onde a simplificação oferece alívio emocional para quem não vive o conflito, mas impede a empatia real com quem sofre sob o domínio do Hamas. Al-Khalidi também atribui esse alinhamento à culpa histórica do Ocidente, onde apoiar causas “anti-imperialistas” funciona como um “ritual de limpeza psicológica”.
Outro ponto levantado por Al-Khalidi é a atração pela intensidade emocional, onde o Hamas instrumentaliza dor, raiva e sacrifício. Para jovens ocidentais criados em segurança, essa intensidade parece autêntica, levando-os a confundir destruição com profundidade. Ele critica o que chama de “narcisismo moral”, onde parecer compassivo é mais importante do que agir com compaixão.
Segundo o ativista, para preservar esse senso de pureza moral, é preciso ignorar fatos inconvenientes como execuções de dissidentes, repressão a mulheres e desvio de ajuda humanitária. Ele compara o fervor de certas causas ambientais à retórica do Hamas, onde ambas exploram a urgência emocional: “Aja agora ou morreremos”, de um lado; “Resista ou será apagado”, do outro. A publicação de Al-Khalidi gerou forte reação de ativistas pró-Palestina, que o acusam de “traição”.

