PUBLICIDADE

Casa de jovens LGBTs vai fechar por falta de verba

A Casa 1, espaço vital para jovens LGBTQIA+ em São Paulo, enfrenta fechamento iminente. Cortes de financiamento estrangeiro e apoio público insuficiente inviabilizam a manutenção de seus serviços essenciais.

Instituição Casa 1, em São Paulo, enfrenta crise financeira e anuncia fechamento após corte de financiamentos internacionais e apoio público insuficiente.

A Casa 1, espaço vital para jovens LGBTQIA+ em São Paulo, enfrenta fechamento iminente. Cortes de financiamento estrangeiro e apoio público insuficiente inviabilizam a manutenção de seus serviços essenciais.

A Casa 1, uma instituição vital para o acolhimento de jovens LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade em São Paulo, anunciou seu iminente fechamento. A crise financeira que assola a organização é diretamente atribuída à interrupção de financiamentos provenientes de duas instituições norte-americanas, um reflexo da extinção dos programas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) nos Estados Unidos, durante o governo Donald Trump.

Localizada no bairro da Bela Vista, no centro da capital paulista, a Casa 1 se despede após anos de atuação essencial.

Fundada em 2017 pelo relações públicas e jornalista Iran Giusti, de 36 anos, a Casa 1 se tornou um porto seguro para centenas de jovens LGBTQIA+ vítimas de homofobia, violência e discriminação, vindos de diversas partes do Brasil e do mundo. O espaço não apenas oferece moradia, mas também uma gama de serviços que visam a saúde integral e o desenvolvimento profissional de seus acolhidos, realizando cerca de dois mil atendimentos mensais.

Entre as atividades oferecidas, destacam-se atendimentos clínicos e psicológicos, além de formações em áreas como culinária e serviços de beleza, que capacitam os jovens para o mercado de trabalho e promovem sua autonomia. Contudo, a continuidade dessas ações, que representam um pilar fundamental no suporte à comunidade LGBTQIA+ em risco, está comprometida e deve ser encerrada nos próximos meses devido à severa escassez de recursos.

Iran Giusti detalhou que a manutenção da Casa 1, incluindo todos os seus espaços, atividades e a folha de pagamento, demanda um investimento mensal de R$ 250 mil, totalizando R$ 3 milhões anuais. Os imóveis utilizados são todos alugados, e os custos fixos, como aluguel, pequenos reparos e contas de consumo, somam R$ 45 mil por mês.

O restante do orçamento é direcionado aos salários dos funcionários, ao desenvolvimento dos programas e à aquisição de mantimentos essenciais para os residentes.

Desde sua criação, a maior parte do financiamento da Casa 1 (entre 60% e 70%) provém de doações de pessoas físicas, demonstrando o forte apoio da sociedade civil. O complemento é obtido por meio de empresas, marcas e editais públicos.

No entanto, o apoio governamental sempre foi um desafio. Em seus nove anos de funcionamento, a instituição nunca recebeu verbas municipais ou estaduais.

Apenas recentemente um apoio federal foi concedido, cobrindo, no entanto, apenas 10% do orçamento anual (R$ 300 mil), valor insuficiente para garantir a continuidade das operações.

O fechamento da Casa 1 representa uma perda irreparável para a comunidade LGBTQIA+ e para a rede de apoio social em São Paulo. A interrupção de seus serviços deixará centenas de jovens em uma situação ainda mais vulnerável, sem o suporte essencial que a instituição oferecia para sua proteção, saúde e desenvolvimento, destacando a urgência de políticas públicas e financiamento sustentável para organizações que atuam na linha de frente dos direitos humanos.

Leia mais

Rolar para cima