Investimento em publicidade política nas redes sociais atinge R$ 8,4 milhões em setembro, gerando questionamentos da oposição sobre transparência.
O governo Lula intensifica o uso de influenciadores digitais para divulgar suas ações, com gastos significativos em publicidade política nas redes sociais, gerando debate sobre transparência e critérios de contratação.
O governo federal tem intensificado o uso de influenciadores digitais para promover suas ações e fortalecer sua imagem nas redes sociais, tornando-se o principal financiador de conteúdo impulsionado na Plataforma Meta. Em setembro, os gastos com anúncios atingiram R$ 8,4 milhões, um aumento de 360% em relação aos dois meses anteriores.
Essa estratégia visa alcançar diversos segmentos da população, replicando práticas observadas em outras esferas como o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Partido dos Trabalhadores (PT).
O expressivo aumento nas despesas gerou questionamentos por parte da oposição, que cobrou explicações da Secretaria de Comunicação (SECOM) sobre a finalidade e os critérios dos contratos. As indagações surgem em meio à análise de um projeto que propõe a isenção de imposto de renda para quem recebe até R$ 5 mil.
Até o momento, a SECOM não forneceu respostas claras sobre os valores, períodos ou a lógica por trás da seleção dos influenciadores, levantando preocupações sobre a transparência no uso de recursos públicos.
Entre os nomes contratados, há uma diversidade de perfis. Alguns, como o publicitário Paulo Victor “P.V.” Freitas e a atriz Isis Vieira, são conhecidos por conteúdos de humor e cultura regional, evitando menções explícitas à política. Outros influenciadores abordam questões políticas e econômicas com um tom analítico, mas de forma a não evidenciar abertamente suas posições ideológicas. Muitos desses criadores de conteúdo já mantinham laços com o governo antes das contratações formais, colaborando, por exemplo, com o Instituto Conhecimento Liberta (ICL Notícias) e participando de eventos governamentais.
Perfis e Estratégias de Divulgação
A lista de influenciadores engajados na promoção de políticas governamentais inclui nomes como Lauany Schultz, que migrou de temas feministas para a divulgação de programas como o Luz para Todos e propostas de isenção do IR. Carolline Sardá, publicitária catarinense, foca em pautas feministas e progressistas, sendo contratada para divulgar o Luz para Todos.
Laura Sabino, autodeclarada marxista, utiliza suas redes para defender ideias progressistas e criticar a direita, enquanto Tiago Foltran mantém um canal dedicado a políticas públicas de esquerda, defendendo o governo e criticando figuras da oposição. Beatris Brantes, atriz de humor, e Martina Giovannetti, estudante de Relações Internacionais, também foram contratadas, usando suas plataformas para apoiar o governo e suas iniciativas, muitas vezes com um viés crítico à gestão anterior.
Essa articulação com influenciadores reflete uma tendência crescente na comunicação política, onde a capilaridade das redes sociais é vista como essencial para moldar a percepção pública e engajar a população em torno de agendas governamentais. A estratégia, embora eficaz em termos de alcance, continua sob o escrutínio da sociedade e da oposição, que demandam maior clareza sobre os mecanismos e a ética por trás desses investimentos.

