Felipe Curi questiona prioridades de Macaé Evaristo e Anielle Franco após megaoperação no Rio de Janeiro.
O secretário Felipe Curi criticou a visita de ministras de Lula ao Complexo do Alemão após megaoperação, sugerindo que prioridades deveriam ser outras em meio às mortes.
Nesta quinta-feira (30), o secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegado Felipe Curi, manifestou-se de forma contundente contra a visita das ministras do governo Lula, Macaé Evaristo (Direitos Humanos) e Anielle Franco (Igualdade Racial), ao Complexo do Alemão. A presença das autoridades na Zona Norte carioca ocorreu após uma megaoperação contra o tráfico de drogas conduzida pelo governo do estado, gerando um debate acalorado sobre prioridades e a atuação das forças de segurança.
As ministras estiveram na comunidade acompanhadas por um grupo de parlamentares de esquerda, incluindo o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Reimont (PT-RJ), e as deputadas federais Benedita da Silva (PT-RJ) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ). O encontro, realizado na Central Única das Favelas (CUFA), tinha como objetivo principal apurar informações sobre as mortes ocorridas durante a operação policial.
A crítica de Curi foi direta e pública. Em suas redes sociais, o secretário questionou: “Pois é…Direitos Humanos para quem? Não acreditem em narrativas antipolícia.” A declaração sublinha a tensão entre as diferentes perspectivas sobre as ações policiais em comunidades e a defesa dos direitos humanos, com Curi sugerindo que a visita das ministras era inadequada no contexto.
Confronto de Narrativas sobre a Operação
Em contrapartida à posição do secretário, o grupo de parlamentares fluminenses, que incluiu as ministras, intensificou as críticas ao governador Cláudio Castro (PL). Na quarta-feira (29), eles formalizaram um pedido de prisão preventiva e afastamento de Castro, alegando a existência de “risco concreto à ordem pública e à investigação” e a necessidade de evitar novas ações semelhantes.
O documento ainda apontava que o governo do Rio de Janeiro teria deixado de utilizar integralmente os recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública.
Durante uma coletiva de imprensa, os deputados não hesitaram em acusar o governo fluminense de promover uma “chacina continuada” contra os moradores das comunidades dominadas pelo tráfico. A gravidade das denúncias foi reforçada pelo deputado Reimont, que declarou: “É a maior chacina do Brasil, superando a do Carandiru,” citando uma projeção alarmante de mais de 200 mortos.
A controvérsia ressalta a profunda polarização em torno das políticas de segurança pública no Rio de Janeiro e no país. De um lado, as forças de segurança defendem suas operações como essenciais no combate ao crime organizado; de outro, defensores de direitos humanos e parte da classe política questionam a letalidade das ações e o impacto nas comunidades.
O episódio ilustra a complexidade de equilibrar a segurança pública com a garantia dos direitos fundamentais da população.

