Organização Justiça, Encontro e Perdão alerta para o aumento de prisões ilegais e desaparecimentos forçados, com destaque para o caso do jornalista Joan Camargo.
ONG venezuelana Justiça, Encontro e Perdão denuncia aumento de prisões ilegais e desaparecimentos forçados pelo regime de Nicolás Maduro, negando acesso a advogados e familiares.
A organização não governamental venezuelana Justiça, Encontro e Perdão (JEP) emitiu um alerta grave sobre a escalada de violações de direitos humanos no país. Segundo a ONG, o regime de Nicolás Maduro tem intensificado as prisões ilegais e os desaparecimentos forçados, negando sistematicamente o acesso de advogados e familiares aos detidos, aprofundando um cenário de incerteza jurídica e angústia.
Em um relatório divulgado recentemente, a JEP detalhou um “padrão de desaparecimentos forçados de curta duração e detenções arbitrárias”. Essa prática, que se tornou recorrente, representa uma violação direta de direitos fundamentais, como a liberdade pessoal, o devido processo legal, a integridade física e a tranquilidade familiar. A opacidade do Estado venezuelano impede a localização e o acompanhamento jurídico das vítimas, tornando a situação ainda mais crítica.
O Caso do Jornalista Joan Camargo
Um dos exemplos mais recentes e preocupantes dessa repressão é o desaparecimento do jornalista venezuelano Joan Camargo. Ele foi interceptado por homens encapuzados ao sair de sua residência em Cotiza, Caracas, no dia 30 de outubro.
Desde então, não há qualquer notícia sobre seu paradeiro, e as autoridades negam ter informações sobre sua custódia, mesmo após buscas em diversos centros de detenção na capital.
Diante da ausência de respostas, a família de Joan Camargo impetrou um recurso de habeas corpus perante a justiça venezuelana, alegando que o caso se configura como um “desaparecimento forçado”. Os familiares expressaram profunda apreensão e exigiram a libertação imediata do jornalista, bem como o respeito a seus direitos humanos e às garantias constitucionais que o protegem.
A legislação local estipula que este recurso deve ser resolvido prioritariamente, mas até o momento, a situação permanece sem esclarecimentos.
Caso a prisão de Camargo seja confirmada, ele se somaria a um preocupante número de 23 jornalistas e trabalhadores da imprensa encarcerados na Venezuela, conforme dados do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP). A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) já havia denunciado em outubro que jornalistas são detidos “como parte da grave repressão a que o regime de Nicolás Maduro submeteu a imprensa independente”, frequentemente enfrentando acusações de delitos graves, como suposta traição à pátria.
Organizações internacionais como o Instituto Prensa y Sociedad (Ipys) e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) têm reiterado suas manifestações de que a atividade de informar é constantemente castigada no país. Elas afirmam que o governo de Maduro mantém um “ambiente hostil para o exercício do jornalismo e a liberdade de expressão”, minando pilares essenciais de uma sociedade democrática e plural.

