Comprimido popular no TikTok russo esconde sibutramina, substância proibida que oferece sérios riscos à saúde e leva jovens a hospitalização.
Viral no TikTok, a pílula 'Molecule' promete emagrecimento rápido, mas contém sibutramina, substância proibida que causa sérios riscos à saúde, hospitalizando jovens.
A pílula “Molecule”, um suposto suplemento para emagrecimento rápido, viralizou no TikTok russo no início deste ano, inundando os feeds de jovens com promessas de perda de peso sem esforço. Vídeos mostravam embalagens de “Molecule Plus” e depoimentos de adolescentes compartilhando suas “jornadas de emagrecimento”, criando uma demanda crescente por este produto, acessível e aparentemente milagroso.
Contudo, a promessa de um corpo ideal escondia um perigo grave. Análises laboratoriais de comprimidos de Molecule, adquiridos online por jornalistas, revelaram a presença de sibutramina.
Esta substância, inicialmente usada como antidepressivo e depois como inibidor de apetite, foi proibida em países como EUA, Reino Unido, União Europeia e China devido ao aumento do risco de ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais, com uma perda de peso apenas marginal. Na Rússia, embora ainda seja utilizada para tratar obesidade, sua venda é restrita a adultos e requer prescrição médica, tornando sua comercialização sem receita um crime.
Os efeitos colaterais são alarmantes. Maria, uma jovem de 22 anos, relatou boca seca, perda total de apetite, ansiedade severa e pensamentos negativos após duas semanas de uso. Casos mais graves incluem uma estudante em Chita que precisou de cuidados hospitalares após overdose, uma adolescente internada na UTI, e um menino de 13 anos de São Petersburgo que sofreu alucinações e ataques de pânico, tendo buscado a pílula após ser provocado por seu peso.
O Mercado Clandestino e a Luta Contra a Fiscalização
Apesar da proibição da venda de sibutramina sem receita, a pílula Molecule é facilmente encontrada online por um preço significativamente menor que medicamentos licenciados para perda de peso. Indivíduos e pequenas empresas exploram essa brecha, muitas vezes vendendo o produto em doses mais elevadas do que as permitidas legalmente.
A Safe Internet League, apoiada pelo governo russo, tem denunciado a tendência, levando à remoção do Molecule de grandes mercados online. No entanto, o produto reaparece sob novos nomes, como “Atom”, em embalagens quase idênticas, e é comercializado através de táticas evasivas, como anúncios disfarçados de biscoitos ou lâmpadas no TikTok, ou classificado como “nutrição esportiva” para contornar bloqueios de sites.
A origem exata dos comprimidos de Molecule permanece incerta, com vendedores apresentando certificados de produção de fábricas na China ou alegando aquisição na Alemanha, em endereços que se mostraram inexistentes. Essa falta de controle de qualidade e a dosagem desconhecida do princípio ativo tornam o uso da pílula extremamente perigoso.
Endocrinologistas alertam para os riscos potenciais de overdose e para o impacto devastador em jovens, especialmente aqueles que já sofrem de distúrbios alimentares, pois um inibidor de apetite facilmente acessível pode desencadear recaídas perigosas.
Embora Maria e influenciadores como Anna Enina, que já lutou contra um distúrbio alimentar, alertem publicamente sobre as terríveis consequências, a popularidade do Molecule online persiste. Cada vídeo que surge no feed de Maria serve como um lembrete dos comprimidos que a deixaram doente, evidenciando a dificuldade em conter a disseminação de um produto que promete uma solução rápida, mas entrega riscos sérios à saúde.

