Ministra Maria Elizabeth Rocha reafirma perdão a vítimas da ditadura, gerando forte reação de colega militar e acusação de misoginia no STM.
Presidente do STM, Maria Elizabeth Rocha, reafirmou perdão a vítimas da ditadura, gerando intenso debate e acusação de misoginia com ministro em sessão.
A presidente do Superior Tribunal Militar (STM), Maria Elizabeth Rocha, reafirmou nesta terça-feira (4) seu pedido de perdão às vítimas da ditadura militar, desencadeando um acalorado bate-boca com o ministro Carlos Augusto Amaral Oliveira. O embate, marcado por trocas de acusações, reacendeu o debate sobre o papel do tribunal e a memória histórica do período autoritário.
O desentendimento teve origem em um evento de 25 de outubro, que marcou os 50 anos da morte do jornalista Vladimir Herzog, assassinado durante a ditadura. Na ocasião, a ministra Maria Elizabeth Rocha discursou e proferiu o pedido de perdão.
A fala não foi bem recebida pelo ministro Amaral Oliveira, que, em sessão posterior (30 de outubro) e na ausência da presidente, sugeriu que ela deveria “estudar um pouco mais de história” antes de opinar sobre o período e as pessoas a quem pediu perdão.
A resposta da presidente do STM veio na sessão desta terça-feira. Maria Elizabeth rebateu as críticas, classificando-as como um ataque pessoal com “tom misógino”. Ela manteve sua posição e o pedido de perdão, afirmando que a sugestão de estudar história tinha um caráter desqualificador. O confronto direto elevou a tensão no plenário, com ambos os ministros expressando veementemente seus pontos de vista.
O Desconforto do Ministro e a Acusação de Misoginia
O ministro Carlos Augusto Amaral Oliveira, tenente-brigadeiro do ar da Força Aérea Brasileira, defendeu-se, negando ser misógino. Ele explicou que se sentiu incomodado com a fala da presidente, pois, em sua percepção, ela falava em nome do tribunal.
Amaral Oliveira reiterou sua discordância com a conduta de Maria Elizabeth e sugeriu que ela promovesse uma reunião para verificar se sua posição teria apoio dos demais membros do STM, argumentando que a postura da presidente poderia projetar uma imagem negativa da instituição.
Maria Elizabeth, por sua vez, reforçou que sua manifestação foi de caráter estritamente pessoal. Apesar da intensidade do debate, os demais ministros presentes na sessão optaram por não se manifestar sobre o caso, deixando a controvérsia restrita aos dois envolvidos.
O episódio sublinha as persistentes divisões e sensibilidades em torno da interpretação da história recente do Brasil no âmbito das instituições militares.

