Fernando Goldsztein transformou a dor de ver seu filho lutar contra o meduloblastoma em uma busca global por tratamentos inovadores.
Pai funda iniciativa global para combater câncer cerebral raro após diagnóstico do filho, buscando tratamentos inovadores e colaboração científica internacional.
A vida da família Goldsztein sofreu uma reviravolta em 2015, quando Frederico, então com 9 anos, foi diagnosticado com meduloblastoma, um câncer cerebral raro e agressivo, mais frequente em crianças. O medo de perder o filho impulsionou o pai, Fernando Goldsztein, a fundar uma iniciativa ambiciosa que, hoje, busca ativamente novos tratamentos para a doença.
A jornada de Frederico, marcada por sintomas como vômitos e perda de equilíbrio, e um diagnóstico tardio, destacou a urgência de avanços na medicina.
O meduloblastoma, que nasce no cerebelo, área responsável pelo equilíbrio, prejudica a circulação do líquor, causando aumento da pressão no crânio. O tratamento padrão é agressivo, começando com cirurgia e seguido por radioterapia e quimioterapia, cujos efeitos colaterais e tardios podem ser devastadores, incluindo problemas de atenção, aprendizado, hormonais e motores. Embora Frederico tenha entrado em remissão em 2016, a agressividade do tratamento e seus riscos eram uma preocupação constante.
A Luta Pela Inovação e a Medulloblastoma Initiative
Em 2019, o tumor de Frederico recidivou, reacendendo o medo e a sensação de impotência. Diante da informação de especialistas nos Estados Unidos de que não havia mais o que fazer, Fernando Goldsztein se recusou a aceitar o destino.
“Eu disse a mim mesmo: ‘Eu vou lutar, eu vou achar alternativas, eu vou salvar o meu filho'”, recorda Goldsztein. Essa determinação o levou a buscar alternativas globalmente, conectando-se com o Dr.
Roger Packer, do Children’s National Hospital em Washington.
A partir dessa conexão, e com uma doação pessoal inicial de Fernando, nasceu em 2021 a Medulloblastoma Initiative (MBI). A MBI tem como objetivo principal desenvolver novas formas de tratamento, indo além do protocolo existente desde os anos 1980.
Em apenas quatro anos, a iniciativa arrecadou mais de US$ 10,5 milhões, fruto de doações de famílias, empresas e fundações, e já conquistou a aprovação do FDA para dois estudos clínicos com novas terapias experimentais, que já estão sendo aplicadas em crianças.
Atualmente, a MBI opera com 16 laboratórios em 12 instituições nos EUA, Canadá e Alemanha, promovendo uma colaboração científica ágil e eficaz. Fernando Goldsztein enfatiza que o mais importante é a velocidade com que os recursos se transformam em resultados concretos.
Há planos para que o Brasil participe dos trabalhos da MBI, através de uma parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein, expandindo a esperança para crianças brasileiras.
Hoje, Frederico, aos 19 anos, vive sem novo tumor, mas com sequelas do tratamento. Sua resiliência e coragem são uma inspiração.
A história de Fernando e a MBI servem como um farol de esperança, não apenas para Frederico, mas para milhares de outras crianças e famílias que enfrentam doenças raras, mostrando o poder da determinação e da colaboração na busca pela cura.

