Relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que uma em cada seis infecções bacterianas já demonstra resistência aos antibióticos, com um aumento preocupante entre 2018 e 2023.
Relatório da OMS revela aumento global na resistência de bactérias a antibióticos, com a E. coli e Klebsiella pneumoniae apresentando altas taxas de resistência.
Nesta segunda-feira (13), a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um relatório alarmante sobre o aumento da resistência antimicrobiana global, onde uma em cada seis infecções bacterianas demonstra resistência aos tratamentos com antibióticos. O Sistema Global de Vigilância da Resistência e do Uso de Antimicrobianos (Glass) aponta um crescimento preocupante entre 2018 e 2023.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, alertou que a resistência antimicrobiana avança mais rápido que a medicina, ameaçando a saúde global. A organização estima que a resistência a antibióticos é mais prevalente nas regiões do Sudeste Asiático e do Mediterrâneo Oriental, onde uma em cada três infecções relatadas era resistente. Na região africana, uma em cada cinco infecções mostrou resistência aos antibióticos.
As bactérias gram-negativas, como E. coli e Klebsiella pneumoniae, representam a principal ameaça, sendo responsáveis por infecções na corrente sanguínea que podem causar sepse, falência de órgãos e até a morte. Atualmente, mais de 40% das cepas de E. coli e mais de 55% das de K. pneumoniae no mundo são resistentes às cefalosporinas de terceira geração, tratamento de primeira escolha para essas infecções. Na região africana, a resistência passa dos 70%.
No Brasil, o principal risco são as infecções da corrente sanguínea. O patógeno mais prevalente foi o Staphylococcus aureus, respondendo por 36,9% dos casos, com mais da metade deles (52,8%) sendo resistente à meticilina. A Klebsiella pneumoniae e a Escherichia coli também apareceram com frequência, representando 25,5% e 25,9% dos casos, respectivamente. Entre elas, a K. pneumoniae apresentou 41,1% de resistência ao antibiótico de reserva imipenem, e a E. coli mostrou 34,6% de resistência às cefalosporinas de terceira geração, que são usadas como antibióticos de vigilância.
O estudo avaliou dados de 104 países e acompanhou a indicação de 22 antibióticos no tratamento de infecções urinárias, intestinais, na corrente sanguínea, além de gonorreia. A OMS reforça que mais países precisam reforçar a vigilância antimicrobiana e que a participação dos países no Glass aumentou mais de quatro vezes, passando de 25 nações, em 2016, para 104, em 2023. A organização reforça a importância da participação dos países no estudo até 2030.

