Ex-diretora da revista no Brasil vê iniciativa de homenagear nove mulheres transexuais como 'desserviço' à causa feminina.
A jornalista Mônica Salgado, ex-diretora da Glamour Brasil, criticou a decisão da Glamour UK de premiar nove mulheres transexuais no Mulheres do Ano de 2025.
A jornalista e influenciadora Mônica Salgado, reconhecida por sua trajetória como ex-diretora da revista Glamour no Brasil, manifestou publicamente sua crítica à recente decisão da edição britânica da revista. A Glamour UK anunciou que o prêmio “Mulheres do Ano” de 2025 será concedido a nove mulheres transexuais, uma iniciativa que gerou descontentamento por parte de Salgado.
A manifestação ocorreu através de uma publicação no Instagram, repercutida pelo Pleno.News.
As personalidades homenageadas pelo prêmio atuam em diversos segmentos, incluindo moda, ativismo, mídia e música. A escolha do tema para esta edição, “Protect the Dolls” (Protejam as Bonecas, em tradução livre), faz alusão a uma expressão popular no Reino Unido utilizada para defender e se referir de forma carinhosa a mulheres trans.
A revista busca, com esta premiação, dar visibilidade e celebrar a contribuição dessas mulheres em suas respectivas áreas.
Mônica Salgado, contudo, expressou que considera a iniciativa como um “desserviço para a causa feminina e feminista”. Em sua declaração, ela enfatizou a longa e contínua luta das mulheres por seus direitos. “As mulheres lutaram e lutam tanto ainda por seus direitos… acho um desserviço pra causa feminina e feminista”, afirmou, sugerindo que a inclusão de mulheres trans na categoria “Mulheres do Ano” poderia, em sua visão, diluir ou desviar o foco das pautas tradicionalmente ligadas ao feminismo cisgênero.
O Debate sobre a Inclusão e o Feminismo
A discussão levantada por Salgado reflete um debate mais amplo e complexo que tem ganhado espaço em círculos feministas e na sociedade em geral: a inclusão de mulheres transexuais em espaços e reconhecimentos historicamente designados para mulheres cisgênero. Enquanto alguns defendem a universalidade da identidade feminina e a importância de reconhecer todas as mulheres, incluindo as trans, outros argumentam sobre a especificidade da experiência feminina biológica e os desafios enfrentados por ela ao longo da história.
Este episódio com a Glamour UK e a reação de Mônica Salgado ilustram a tensão existente entre diferentes vertentes do feminismo e as concepções de gênero. A premiação visa celebrar a diversidade e o empoderamento, mas para vozes como a de Salgado, ela acende um alerta sobre a redefinição de categorias e a potencial invisibilização das pautas originais do movimento feminista.
A controvérsia ressalta a necessidade de diálogo contínuo sobre como as diferentes identidades femininas podem ser reconhecidas e valorizadas de forma equitativa.

