Pesquisa AtlasIntel revela que a iniciativa do ministro Guilherme Boulos em homenagem às vítimas da Operação Contenção gerou forte polarização e desaprovação majoritária.
Guilherme Boulos pediu minuto de silêncio por vítimas de operação no Rio. Pesquisa AtlasIntel mostra que a maioria dos brasileiros e cariocas considerou a iniciativa inapropriada.
Ao assumir seu cargo como ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos solicitou um minuto de silêncio em memória de “todas as vítimas dessa operação no Rio de Janeiro”. A iniciativa, contudo, gerou imediata repercussão e debate público, especialmente em um contexto onde a Operação Contenção, responsável pelos confrontos, ainda tem o balanço de suas vítimas sob escrutínio.
Três dias após a ação, permanecia incerto se havia civis não envolvidos com o Comando Vermelho entre os 120 mortos, embora as autoridades cariocas afirmassem que todos eram criminosos.
Essa controvérsia se refletiu em uma pesquisa AtlasIntel divulgada na última sexta-feira, 31. Os dados revelaram que a maioria da população brasileira e carioca considerou o pedido de Boulos “inapropriado”. No Rio de Janeiro, 59,8% dos moradores expressaram essa opinião, enquanto a média nacional atingiu 50,1%. Em contraste, 32,3% dos cariocas e 43,6% dos brasileiros consideraram a iniciativa “apropriada”, evidenciando uma polarização significativa na percepção pública.
Reação Governamental e Aprovação Popular da Operação
A postura do governo Lula em relação à Operação Contenção também foi marcada pela desconfiança. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, descreveu a ação como “extremamente cruenta” e transmitiu o “estarrecimento” e “surpresa” do presidente Lula, que se limitou a um post discreto sobre o assunto.
A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, foi mais enfática, classificando a operação como “um fracasso” e prometendo a realização de uma “perícia independente e autônoma” para investigar a conduta policial nos confrontos com o Comando Vermelho.
Essa reação do governo e de membros do Partido dos Trabalhadores contrasta acentuadamente com a aprovação popular da própria Operação Contenção. A mesma pesquisa AtlasIntel indicou que 62,2% da população do Rio de Janeiro e 55,2% da população brasileira aprovam a ação.
O apoio se torna ainda mais expressivo entre os moradores de favelas, tanto na capital fluminense quanto em outras cidades.
Entre os residentes de favelas do Rio, a aprovação da Operação Contenção atinge impressionantes 87,6%. Nacionalmente, 80,9% dos moradores de favelas aprovaram a ação.
Essa disparidade entre a percepção governamental e a aprovação popular, especialmente em áreas diretamente afetadas pelo crime organizado, sublinha a complexidade do debate sobre segurança pública e direitos humanos no Brasil.

