Fontes revelam as condições do líder venezuelano para uma "saída suave" e os impasses com a estratégia de pressão máxima dos EUA.
Nicolás Maduro busca anistia e "exílio confortável" para deixar o poder, revelam fontes. A estratégia contrasta com a pressão dos EUA e a coesão chavista.
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, estaria buscando uma “saída suave” do poder, pleiteando anistia e um “exílio confortável” para si e seus colaboradores. Fontes consultadas em Caracas indicam que o líder venezuelano não deseja ter o mesmo destino de Bashar al-Assad, o ex-ditador sírio, nem um exílio menos luxuoso como em Cuba, ou na Rússia, apesar de serem nações aliadas.
Essa postura contrasta com a intensificação da pressão externa, especialmente dos Estados Unidos.
Nos primeiros meses de um possível segundo mandato de Donald Trump, houve conversas entre a Casa Branca e o Palácio de Miraflores, mediadas por Richard Grenell. As discussões inicialmente focaram em deportação de imigrantes irregulares e concessões de petróleo, como a renovação de contrato com a Chevron em termos desfavoráveis para a Venezuela.
Contudo, Grenell perdeu influência e o Secretário de Estado, Marco Rubio, assumiu, adotando uma linha mais dura, visando “tirar os chavistas a carajazos, ou seja, na marra”.
Dentro do movimento chavista, as condições para uma saída do poder são claras e não negociáveis em sua essência. A sobrevivência do movimento, fundado por Hugo Chávez, é primordial, e o maior temor de Maduro e seus aliados é o encarceramento. O objetivo é um “soft landing”, garantindo a preservação de espaços de poder, como governos estaduais e prefeituras, e imunidade para seus negócios.
Os Pilares Inegociáveis do Chavismo
Dois temas centrais para o chavismo são o petróleo e as Forças Armadas. Embora a participação estrangeira tenha crescido, o Estado venezuelano insiste em manter 51% da propriedade dos recursos naturais, uma condição que a oposição radicalmente discorda.
No caso das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB), o chavismo exige controle total e barra qualquer interferência dos Estados Unidos no setor militar do país.
A estratégia de pressão máxima dos EUA, que busca a derrubada de Maduro, dificilmente levará a um acordo, pois a coesão interna do chavismo e das FANB tem resistido às fissuras. Apesar de muitos venezuelanos desejarem a saída de Maduro, eles não querem uma invasão americana.
O passado sindicalista de Maduro o transformou em um negociador nato, e o chavismo considera antecipar eleições ou realizar um referendo, desde que “tempo e a participação do chavismo no processo” sejam variáveis negociáveis.
Atualmente, o chavismo se sente menos isolado, tendo recebido apoio contundente da China e da Rússia, além de governos latino-americanos como Colômbia e Brasil, que pedem uma solução política e diplomática. Enquanto isso, a oposição, liderada por María Corina Machado, exige a saída imediata de Maduro, sem período de transição, embora não descarte a concessão de garantias ao chavismo.
As posições, por enquanto, permanecem irreconciliáveis, e Maduro demonstra resiliência, temendo ações dos EUA em seu território.

