Presidente viaja para defender Maduro em evento esvaziado, enquanto desastres atingem o Sul do país.
Lula criticou os EUA em cúpula na Colômbia, priorizando a agenda internacional em detrimento da visita a vítimas de um tornado no Paraná.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva gerou controvérsia ao optar por uma agenda internacional na Colômbia, onde participou da cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e União Europeia, enquanto as vítimas de um tornado no interior do Paraná aguardavam uma visita presidencial. Lula, que estava em Belém preparando-se para a COP 30, encontrou tempo para viajar ao país vizinho no último domingo, com o objetivo declarado de prestar “solidariedade” ao governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e criticar os Estados Unidos, embora sem citar diretamente o ex-presidente Donald Trump.
A cúpula em questão reuniu representantes dos 27 países da União Europeia e das 33 nações da Celac. No entanto, o evento foi marcado por importantes ausências que evidenciaram um esvaziamento significativo. Entre os líderes que não compareceram estavam a presidente da União Europeia, Ursula Von der Leyen, o presidente uruguaio Yamandú Orsi, a presidente do México Claudia Sheinbaum e o presidente argentino Javier Milei, figuras de peso no cenário político regional e global.
O Esvaziamento da Cúpula e os Objetivos de Lula
O próprio presidente brasileiro reconheceu em seu discurso o caráter reduzido do encontro. “Nossas cúpulas se tornaram um ritual vazio, do qual se ausentam os líderes regionais”, afirmou Lula, sublinhando a percepção de que esses eventos perderam parte de sua relevância e capacidade de engajamento entre as lideranças.
Tal declaração, vinda do anfitrião de uma futura cúpula global como a COP 30, ressalta um desafio diplomático.
Analistas políticos acompanhavam a viagem de Lula com a expectativa de que o principal objetivo do presidente brasileiro seria a defesa de Nicolás Maduro. Essa previsão se confirmou na prática, com Lula posicionando-se em apoio a governos da região e criticando potências externas, ainda que tenha evitado menções diretas ao líder venezuelano ou a figuras políticas específicas dos Estados Unidos.
A postura do presidente reforça uma linha diplomática que busca fortalecer blocos regionais e alinhar-se a governos de esquerda na América Latina.
A escolha de priorizar a agenda externa em detrimento da assistência direta a uma região afetada por desastres naturais no próprio país levanta questionamentos sobre as prioridades do governo. Enquanto a diplomacia e as relações internacionais são cruciais, a ausência em momentos de crise doméstica pode gerar percepções negativas sobre a proximidade do governo com as necessidades imediatas da população brasileira.
A situação no Paraná, com os estragos causados pelo tornado, representava uma oportunidade para o presidente demonstrar empatia e liderança em solo nacional.

