Relatório do Coaf aponta que o Sindnapi, ligado a Frei Chico, usou "artifícios" para dificultar o rastreamento da origem e destino de recursos.
Um relatório do Coaf indica que o Sindnapi, ligado a Frei Chico, adotou "artifícios" para dificultar o rastreamento de recursos, incluindo depósitos em espécie e movimentações atípicas.
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) detectou que o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), que tem Frei Chico (irmão de Lula) como vice-presidente, utilizou “artifícios” para dificultar o rastreamento da origem e destino de recursos. A informação consta em um relatório que investiga fraudes no INSS.
Entre as práticas identificadas pelo Coaf estão a atualização cadastral de uma cooperada que declarou faturamento mensal de R$ 105 milhões, o que gerou um falso positivo na análise da capacidade financeira mensal. O relatório também aponta para depósitos em espécie relevantes em contas de servidores públicos e movimentações atípicas de recursos por agentes públicos.
Nos últimos seis anos, foram identificadas operações em espécie que somaram cerca de R$ 6,5 milhões. Essas transações, entre saques e depósitos, foram classificadas como “complexas”, dada a dificuldade de rastreamento da origem primária dos recursos e da identificação dos beneficiários finais. O Coaf se baseou em normativas do Banco Central para identificar os artifícios utilizados pelo Sindnapi.
De acordo com documentos oficiais, o sindicato movimentou R$ 586,45 milhões a crédito e R$ 614 milhões a débito entre janeiro de 2019 e junho de 2025, totalizando R$ 1,2 bilhão. O relatório do Coaf detalha 4.377 transferências entre contas e PIX, totalizando R$ 18 milhões, além de 1.171 depósitos em dinheiro, de R$ 0,01 a R$ 618 mil, somando R$ 2,775 milhões. Foram registradas ainda 1.152 TEDs, totalizando R$ 553 milhões. O Coaf alega que a quantidade de transações inviabiliza o rastreamento de todos os remetentes.
O Sindnapi efetuou pagamentos a pessoas físicas como Janice Batista dos Santos (R$ 312 mil), Francisco Luiz dos Santos (R$ 324 mil) e Guilherme Costa de Albuquerque (R$ 322 mil). Também foram realizadas transferências para empresas e instituições, como BMG Corretora de Seguros (R$ 15 milhões) e Fundo do Regime Geral de Previdência Social (R$ 436 milhões). O sindicato aparece ainda com movimentações consolidadas de R$ 35 milhões em determinados registros.
