Deputado Ubiratan Sanderson questiona legalidade e economicidade de aluguel de barco para comitiva presidencial, preterindo opção gratuita da Marinha.
O governo Lula enfrenta denúncias na PGR e TCU por aluguel de barco de luxo, o Iana III, para a COP30, levantando questões sobre legalidade e economicidade.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é alvo de uma séria denúncia na Procuradoria-Geral da República (PGR) e no Tribunal de Contas da União (TCU). As representações, apresentadas na terça-feira (4) pelo deputado federal Ubiratan Sanderson (PL-RS), vice-líder da oposição, buscam investigar possíveis irregularidades no aluguel do barco Iana III.
A embarcação foi utilizada para acomodar o presidente, a primeira-dama Janja da Silva e membros do governo durante eventos preparatórios para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém.
Sanderson questiona a legalidade, transparência e economicidade da contratação. Um dos pontos mais críticos é o fato de a Marinha do Brasil ter disponibilizado uma embarcação oficial gratuita, que foi rejeitada pela Presidência sob a justificativa de não atender aos critérios de conforto desejados.
Essa decisão gerou indignação e reforça as suspeitas de uso indevido de recursos públicos, dada a existência de uma alternativa sem custos adicionais para os cofres públicos.
Em suas representações, o deputado classificou a despesa como “inconveniente, absurda e inoportuna”, sublinhando o contraste entre a opção gratuita e a escolha por um aluguel oneroso. Ele reiterou que “a Marinha havia disponibilizado um navio gratuito, seguro, pronto para ser usado, mas que foi descartado porque não era confortável o bastante”. A troca da embarcação veio à tona por reportagem da Folha de S.Paulo, publicada na segunda-feira (3), que detalhou a motivação da escolha pelo maior conforto do Iana III.
Detalhes da Embarcação e Justificativa Governamental
O barco Iana III, foco da controvérsia, é uma embarcação de luxo fabricada entre 2010 e 2011. Com 45 metros de comprimento e 8 metros de largura, o navio de três andares oferece ar-condicionado em todas as suas instalações de passageiros.
Atualmente, está atracado na Base Naval de Val de Cães, em Belém. A operação e o gerenciamento da embarcação são realizados pela empresa Icotur Transporte e Turismo, de Manaus, e envolvem uma equipe fixa de quatro tripulantes, além de pessoal de apoio.
Em resposta às críticas, o governo apresentou sua justificativa para a escolha do Iana III. Segundo a administração federal, a decisão foi motivada pela escassez de vagas em hotéis e pelos preços exorbitantes praticados na rede hoteleira de Belém.
A capital paraense tem enfrentado uma crise no setor de hospedagem desde o início do ano, e a proximidade da COP30 intensificou a demanda e a disputa por acomodações, elevando ainda mais os custos.
Apesar das explicações governamentais, as denúncias de Ubiratan Sanderson na PGR e no TCU sinalizam que a questão está longe de ser resolvida. Os órgãos de controle deverão agora analisar a fundo a documentação e os argumentos apresentados para determinar se houve irregularidades na contratação da embarcação de luxo.
O desdobramento dessa investigação será crucial para esclarecer a legalidade e a adequação dos gastos públicos envolvidos na preparação para a COP30.

