Presidente havia garantido em 2023 que Forças Armadas não atuariam em favelas, postura que agora impacta pedidos do governador Cláudio Castro.
O governo federal negou apoio militar ao Rio de Janeiro, mantendo a diretriz do presidente Lula de não empregar as Forças Armadas em favelas.
O governo federal recusou, em diversas ocasiões, pedidos de apoio militar feitos pelo governo do Rio de Janeiro, mantendo a posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de não empregar as Forças Armadas em operações de segurança pública em favelas. Essa diretriz, estabelecida por Lula em 2023, tem gerado um cenário de isolamento do Planalto frente à crescente crise de segurança no estado fluminense.
Em outubro de 2023, durante um café da manhã com jornalistas, o presidente foi categórico: “Eu não quero as Forças Armadas nas favelas brigando com bandido. Não é esse o papel das Forças Armadas e, enquanto eu for presidente, não tem GLO”.
Essa afirmação foi a base para a negativa de apoio federal agora. O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), confirmou ter feito três pedidos formais de blindados ao Ministério da Defesa desde janeiro, todos barrados sob o argumento de que só poderiam ocorrer mediante um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), mecanismo publicamente rejeitado por Lula.
Além da recusa do Ministério da Defesa, a Polícia Federal (PF) também demonstrou reticência em ações conjuntas. O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, admitiu ter havido contato operacional entre a Polícia Militar do Rio e a PF antes de uma megaoperação que resultou em mais de 130 mortos. Contudo, a PF considerou a ação “não razoável” e decidiu não participar, reforçando a falta de alinhamento entre as esferas de governo.
Isolamento Federal e Crise de Segurança
As declarações e as ações do governo federal sublinham um distanciamento em relação à abordagem da crise de segurança no Rio de Janeiro. A posição de Lula de não usar as Forças Armadas em favelas, alegando que essa não é sua função, é uma linha que o Planalto tem mantido firmemente, apesar dos apelos por mais recursos e apoio logístico por parte das autoridades estaduais.
Enquanto o governador Cláudio Castro defende abertamente um “pacto nacional” contra o crime organizado para enfrentar a complexidade da situação, o governo federal permanece irredutível na diretriz de não empregar as Forças Armadas em ações dentro das comunidades. Essa divergência estratégica tem potencial para aprofundar as dificuldades no combate à criminalidade, deixando o Rio de Janeiro em uma posição vulnerável e com recursos limitados para lidar com desafios de segurança de alta complexidade.

