Ministra da Agricultura Annie Genevard expressa preocupações com agricultores franceses e padrões sanitários, apesar do otimismo anterior de Macron.
A França rejeita o acordo comercial UE-Mercosul, segundo a ministra Annie Genevard, por preocupações com agricultores franceses e padrões sanitários, apesar do otimismo anterior de Macron.
A França não pretende assinar o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. A declaração foi feita neste domingo (9) pela ministra da Agricultura do país, Annie Genevard, que justificou a posição alegando que o texto, em sua forma atual, colocaria em risco os agricultores franceses e ultrapassaria as chamadas “linhas vermelhas” estabelecidas pelo governo de Paris.
A postura francesa adiciona mais um obstáculo significativo ao caminho da ratificação do pacto, que busca estreitar laços comerciais entre os dois blocos.
Genevard defendeu que qualquer avanço nas negociações ou na implementação do acordo só deveria ocorrer mediante a inclusão de uma cláusula de salvaguarda agrícola robusta. Além disso, a ministra frisou a necessidade de regras claras que impeçam a entrada na Europa de produtos agropecuários que não sigam as rigorosas normas sanitárias e ambientais do bloco europeu. A ministra também cobrou um reforço substancial nos controles sanitários nas fronteiras, garantindo a proteção da produção local e a saúde dos consumidores.
Divergências e o Caminho do Acordo
A posição firme da ministra Genevard contrasta diretamente com declarações recentes do presidente francês, Emmanuel Macron. Durante sua visita ao Brasil, o chefe de Estado havia expressado um tom “bastante positivo” quanto à possibilidade de aceitar o acordo.
No entanto, Macron também havia ressaltado que continuaria “vigilante” em relação ao tema, indicando que a aprovação final estaria condicionada a certas garantias e ajustes. A dicotomia nas falas dos líderes franceses reflete a complexidade e a sensibilidade política do acordo em solo europeu.
O documento em questão foi assinado no final de 2024 e, posteriormente, adotado pela Comissão Europeia em 3 de setembro de 2025. Para que o acordo entre efetivamente em vigor, ele ainda necessita da aprovação individual dos 27 países-membros da União Europeia.
Esta etapa final tem se mostrado um grande desafio, com diversos governos, incluindo o da França, expressando resistência e preocupações que vão desde a proteção de setores econômicos específicos até questões ambientais e sociais. A rejeição francesa reforça a incerteza sobre o futuro do pacto.
A insistência francesa em proteger seus agricultores é um fator histórico e cultural, dado o peso do setor agrícola na economia e na identidade do país. As exigências por cláusulas de salvaguarda e padrões sanitários rigorosos são reflexo de uma política interna que busca blindar a produção local contra a concorrência que, segundo Paris, viria de países com custos de produção e regulamentações menos estritas.
Este cenário complexo demonstra que o acordo UE-Mercosul ainda tem um longo e árduo caminho pela frente antes de se tornar uma realidade comercial plena.

