Sistema eleitoral no regime de Pyongyang revela natureza singular e controlada do processo democrático
A Coreia do Norte realiza eleições a cada cinco anos, mas com um único candidato por distrito, revelando um sistema político estritamente controlado.
A Coreia do Norte, um dos países mais isolados do mundo, realiza eleições para sua Assembleia Popular Suprema (APS) a cada cinco anos, um ritual político que, à primeira vista, pode sugerir um sistema democrático. No entanto, a realidade por trás dessas votações revela a natureza singular e estritamente controlada do regime de Pyongyang: em cada pleito, os eleitores são apresentados a um único candidato por distrito, sem qualquer alternativa de escolha.
Este modelo eleitoral contrasta drasticamente com as práticas democráticas ocidentais, onde a pluralidade de candidatos e partidos é um pilar fundamental. Na Coreia do Norte, a eleição é menos um exercício de escolha e mais um referendo de aprovação, onde a participação massiva é vista como um dever cívico e uma demonstração de lealdade ao Partido dos Trabalhadores da Coreia (PTC) e à liderança suprema da família Kim.
Os candidatos são cuidadosamente selecionados pelo partido, garantindo que apenas indivíduos alinhados com a ideologia Juche e os interesses do regime sejam elegíveis.
A votação, embora secreta na teoria, ocorre em um ambiente onde a abstenção ou o voto contra o único nome na cédula são atos de desafio com potenciais consequências severas. Relatos indicam que os eleitores podem marcar “sim” ou “não”, mas o ato de votar “não” geralmente exige ir a uma cabine separada, um movimento que pode ser interpretado como dissidência e, portanto, arriscado. A taxa de comparecimento é quase sempre de 99%, e a aprovação do único candidato beira os 100%, dados que reforçam a natureza cerimonial do processo.
O Significado do Voto Único
O sistema de candidato único serve a múltiplos propósitos para o regime. Primeiramente, ele legitima o poder do Partido dos Trabalhadores e da liderança, apresentando uma fachada de apoio popular unânime.
Em segundo lugar, reforça a disciplina social e a coesão ideológica, com a participação eleitoral funcionando como um teste de lealdade dos cidadãos. Por fim, ele sublinha a narrativa de que a Coreia do Norte é uma sociedade unida sob uma única visão e liderança, sem as divisões ou conflitos que, segundo a propaganda estatal, afligem as democracias pluripartidárias.
Analistas internacionais e organizações de direitos humanos frequentemente criticam o sistema eleitoral norte-coreano, classificando-o como uma farsa e uma ferramenta de propaganda. Eles argumentam que a ausência de concorrência real, a falta de liberdade de expressão e a repressão política transformam o ato de votar em uma obrigação sem sentido, desprovida de qualquer poder de influência na governança do país.
Para muitos, as eleições norte-coreanas são um espelho da natureza totalitária do regime, onde a aparência de participação popular mascara um controle absoluto do Estado sobre a vida de seus cidadãos.

