José Jeri, que presidia o Congresso, assumiu o cargo após votação que aprovou a saída da ex-presidente com ampla maioria.
O Congresso do Peru destituiu Dina Boluarte da presidência, nomeando José Jeri como novo chefe de Estado. A posse ocorreu nesta sexta-feira, após votação que aprovou a saída da líder.
Na última sexta-feira, o Congresso do Peru destituiu a presidente Dina Boluarte, e em menos de uma hora nomeou José Jeri como o novo chefe de Estado. Jeri, que presidia o Congresso desde julho, tomou posse logo após a votação que aprovou a saída de Boluarte com ampla maioria.
O novo presidente, filiado ao partido Somos Peru, tem 38 anos e é o sétimo a assumir o cargo em menos de dez anos. Na sessão, os parlamentares apresentaram quatro moções distintas acusando Boluarte de “incapacidade moral”, cada uma obtendo mais de 100 dos 122 votos possíveis. A oposição, composta por partidos de esquerda e direita, incluindo forças que antes apoiavam a ex-presidente, como Renovação Popular e Força Popular, uniu-se para aprovar o impeachment.
Boluarte não atendeu à convocação do Parlamento para se defender pessoalmente. Diante da ausência, os congressistas deram andamento ao processo de impeachment. Durante a posse, Jeri prometeu uma resposta dura ao avanço da criminalidade, afirmando que o principal inimigo está nas ruas e que é necessário declarar guerra ao crime.
Após a destituição, manifestantes se reuniram em frente ao Congresso, alguns comemorando a queda da ex-presidente, enquanto outros se dirigiram à Embaixada do Equador, especulando que Boluarte poderia pedir asilo político. Com apenas 2% de aprovação nas pesquisas, Boluarte acumulava acusações de corrupção e de comandar repressões letais contra manifestantes, embora negue ter cometido qualquer crime.
A crise política no Peru se intensificou desde dezembro de 2022, quando o então presidente Pedro Castillo tentou dissolver o Congresso e foi preso. Boluarte, que ocupava a Vice-Presidência, assumiu o poder na sequência. Desde então, o país enfrenta um ciclo de instabilidade, protestos e trocas sucessivas de governo. Organizações de direitos humanos acusaram o governo de Boluarte de empregar força excessiva contra comunidades indígenas e camponesas. O novo presidente, por sua vez, tenta agora estabelecer autoridade num país onde o poder muda de mãos sem aviso.