Ministro Luiz Fux levanta-se e deixa o plenário durante sessão do STF após críticas de Gilmar Mendes à Lava Jato, em meio a um julgamento sobre destinação de recursos de ações públicas.
Ministro Fux abandona plenário do STF após bate-boca com Gilmar Mendes durante julgamento. Críticas à Lava Jato e divergências sobre processos azedaram o clima.
Durante o julgamento do STF na quarta-feira (15), um embate entre os ministros Gilmar Mendes e Luiz Fux resultou na saída de Fux do plenário. O caso em questão tratava da destinação de valores obtidos através de condenações em ações públicas na Justiça do Trabalho.
Gilmar Mendes utilizou o julgamento para renovar suas críticas à Lava Jato, mencionando mensagens trocadas entre procuradores e acusando-os de cretinice. A atitude gerou a reação de Fux, que se retirou do plenário em sinal de protesto. O ministro Gilmar Mendes comparou a situação com a criação de um fundo bilionário com recursos recuperados da Petrobras durante a Lava Jato, administrado pela força-tarefa para projetos de cidadania e anticorrupção.
O ministro também mencionou a tentativa de criação de um esquema internacional para compartilhamento ilegal de provas e criticou a gestão de Rodrigo Janot na PGR. A discussão entre os ministros já havia começado em uma sala anexa ao plenário, onde Gilmar questionou Fux sobre a suspensão de um recurso de Sergio Moro, que busca reverter uma decisão que o tornou réu por calúnia contra Gilmar.
Segundo relatos, Gilmar Mendes ironizou Fux, sugerindo que ele fizesse terapia para se livrar da Lava Jato e “enterrar” o assunto “do Salvador”, em referência a um ex-funcionário do gabinete de Fux. Fux respondeu que estava contrariado com as críticas de Gilmar, que o criticava publicamente. Gilmar, por sua vez, afirmou que considerava Fux uma figura lamentável, citando como exemplo o julgamento de Jair Bolsonaro, no qual Fux teria imposto um voto de 12 horas que não fazia sentido. O clima tenso persistiu na corte, e ambos os ministros evitaram se manifestar após o ocorrido.