Bruna Cristina, de 22 anos, luta pela recuperação após diagnóstico de encefalomielite autoimune, uma doença rara que a privou de movimentos e fala.
A vida de Bruna Cristina, de 22 anos, virou de cabeça para baixo após o diagnóstico de encefalomielite autoimune, uma inflamação cerebral grave.
A vida de Bruna Cristina Souza Inácio, de 22 anos, tomou um rumo inesperado após o diagnóstico de encefalomielite autoimune, uma inflamação severa que afeta o cérebro e a medula espinhal. Antes dedicada à Odontologia, ao estágio e aos cuidados com a filha Maria Alice, Bruna viu sua rotina desfeita pela doença, que a privou de parte dos movimentos, da capacidade de andar, comer sozinha e falar normalmente.
Atualmente, seu foco está na reabilitação intensiva no Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, onde demonstra notável resiliência em seu processo de recuperação.
A encefalomielite autoimune ocorre quando o sistema imunológico, erroneamente, ataca estruturas do próprio sistema nervoso central, resultando em inflamação e danos à mielina, a camada protetora dos neurônios. O neurologista Flávio Sekeff Sallem, do Hospital Japonês Santa Cruz, explica que a doença se diferencia da esclerose múltipla pela agudeza e extensão do processo inflamatório, que é mais difuso e frequentemente pós-infeccioso ou pós-vacinal. Os sintomas iniciais são variados e podem incluir alteração de consciência, confusão mental, febre, fraqueza, déficit motor e crises epilépticas, além de distúrbios visuais e dificuldades para engolir.
A Jornada do Diagnóstico e o Desafio da Recuperação
No caso de Bruna, os primeiros sinais foram sutis, confundindo-se com uma virose comum. “Me lembro de sentir muita dor na mandíbula, náuseas, falta de apetite e fraqueza.
Achei que fosse só uma virose”, relata. Após uma semana, a jovem buscou atendimento médico e foi internada.
O diagnóstico de encefalomielite autoimune, sem causa definida, foi confirmado por uma equipe de especialistas. A incerteza quanto à origem da doença e à sua própria recuperação foi um dos maiores desafios, gerando questionamentos sobre a possibilidade de voltar a andar, comer e falar normalmente.
O diagnóstico da encefalomielite envolve exames clínicos, de imagem e laboratoriais, como a ressonância magnética, que pode revelar lesões desmielinizantes, e a análise do líquor, que mostra aumento de proteínas e células inflamatórias. A confirmação é feita com a pesquisa de anticorpos específicos.
O tratamento visa controlar a resposta imune, sendo a corticoterapia em altas doses o pilar inicial. Casos mais graves podem exigir imunoglobulina intravenosa ou plasmaférese, e imunossupressores em recorrências.
A recuperação costuma ser boa, especialmente nas formas monofásicas, mas sequelas como déficits cognitivos sutis, fadiga ou alterações motoras leves podem persistir.
Durante a reabilitação, Bruna enfrentou dores físicas e uma vulnerabilidade emocional intensa, mas encontrou forças para continuar. “Fisicamente, sentia muita dor quando os profissionais me movimentavam.
Emocionalmente, me vi totalmente vulnerável, e sabia que precisava encontrar forças para continuar”, lembra. Ela reaprendeu tarefas básicas e passou a valorizar cada pequena conquista.
Hoje, encarando a recuperação como uma lição de vida, Bruna aprendeu a ser paciente e a respeitar seu corpo, adotando um novo ritmo, mais consciente. Com esperança e determinação, ela segue confiante, acreditando na possibilidade de voltar a andar, superando as expectativas iniciais dos médicos.

