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Documentos apontam presença do CV em 23 cidades de São Paulo

Documentos judiciais e boletins de ocorrência revelam a atuação do Comando Vermelho em 23 cidades paulistas, alterando o cenário do crime organizado.

Levantamento detalha a expansão da facção carioca no estado, impactando a segurança pública e a dinâmica do tráfico de drogas.

Documentos judiciais e boletins de ocorrência revelam a atuação do Comando Vermelho em 23 cidades paulistas, alterando o cenário do crime organizado.

Ao menos 23 cidades do estado de São Paulo teriam registrado a presença do Comando Vermelho (CV) nos últimos três anos. Um levantamento minucioso realizado pelo Metrópoles, com base em processos judiciais e boletins de ocorrência registrados desde janeiro de 2023, revelou a crescente influência da facção carioca.

Os documentos detalham a atuação do CV em diferentes níveis, seja pela presença direta de seus integrantes, por meio de operações indiretas ou, em alguns casos, pelo domínio do lucrativo tráfico de drogas local.

Fontes da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo, ouvidas pela reportagem, confirmam o aumento da presença do Comando Vermelho no estado. Essa expansão é atribuída, em grande parte, a uma mudança estratégica da principal facção paulista, o Primeiro Comando da Capital (PCC).

O PCC estaria, gradualmente, perdendo o interesse pela venda de drogas no varejo, as chamadas “biqueiras”, para focar em operações de atacado e no tráfico internacional, abrindo espaço para a atuação de outras organizações criminosas.

As cidades onde a presença do CV foi identificada concentram-se majoritariamente no litoral norte, na região do Vale do Paraíba e na porção leste do interior paulista. Em vários desses municípios, a chegada da facção carioca coincide com um preocupante aumento nos índices de criminalidade, incluindo a elevação das taxas de homicídio, o que acende um alerta para as autoridades de segurança pública.

Análise da Expansão e Riscos

Para Rafael Alcadipani, professor da FGV e associado ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o avanço do Comando Vermelho é, até certo ponto, um movimento “natural” diante da atual dinâmica de cada uma das organizações criminosas. Contudo, ele alerta que a situação pode se tornar “catastrófica” caso a facção carioca consiga consolidar sua presença em pontos estratégicos e sensíveis para a organização criminosa que historicamente domina São Paulo.

Alcadipani explica que, embora o PCC mantenha uma presença cotidiana nas cidades, sua falta de interesse no “varejinho” da droga, especialmente no interior, onde apenas entregam a mercadoria, cria uma brecha. “Parece realmente que é uma abdicação do território”, afirmou o professor ao Metrópoles.

“Mas, isso é preocupante, porque pode significar que eles estão querendo chegar. Imagina se há uma intenção de avançar para o litoral sul, isso pode gerar uma guerra desenfreada”, concluiu, sublinhando os riscos de um confronto aberto entre as facções.

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