Recondução à PGR vira termômetro para futura indicação ao STF, com nome de Jorge Messias em xeque no Congresso.
A recondução de Paulo Gonet à PGR é vista como teste crucial para o governo Lula no Senado. O resultado pode definir o futuro das indicações para o STF.
Nos bastidores políticos de Brasília, intensifica-se a percepção de que a recondução do procurador-geral da República, Paulo Gonet, está sendo utilizada pelo governo Lula e por setores da esquerda como um “boi de piranha”. A estratégia visa testar a temperatura do Senado Federal antes de uma nova e potencialmente polêmica indicação para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
A movimentação reflete a cautela do Palácio do Planalto, que teme não possuir os votos necessários para aprovar o nome do atual advogado-geral da União, Jorge Messias, o principal desejo do presidente Lula para a cadeira que será deixada com a aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso.
A resistência ao nome de Jorge Messias não se limita apenas à oposição, mas emana de dentro da própria cúpula do Congresso Nacional. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), tem sinalizado preferência pela indicação de seu aliado político e amigo pessoal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para a próxima vaga na Corte. Nos corredores do Parlamento, é amplamente comentado que Alcolumbre detém influência sobre uma parcela significativa dos votos decisivos e que um eventual veto indireto de sua parte poderia inviabilizar a nomeação de Messias, criando um impasse considerável para o Executivo.
Teste de Fidelidade da Base Aliada
Diante desse cenário complexo, a votação da recondução de Paulo Gonet à Procuradoria-Geral da República assumiu o caráter de um verdadeiro “teste de fidelidade” para a base aliada governista. Caso Gonet seja aprovado com uma margem confortável, o Planalto interpretará que há um terreno seguro para avançar com uma indicação de perfil mais político, como a de Jorge Messias.
Contudo, se o nome do procurador enfrentar resistência significativa ou, em um cenário extremo, for rejeitado, o presidente Lula deverá recuar em sua intenção inicial e buscar um perfil mais palatável ao Senado, buscando evitar um novo e custoso desgaste institucional.
Aliados próximos ao presidente Lula admitem que Gonet foi escolhido justamente por representar uma figura de consenso moderado. Sua trajetória agrada ao meio jurídico e não costuma despertar rejeição ideológica acentuada, o que o tornaria um candidato ideal para a função de “termômetro”.
Apesar disso, parlamentares mais críticos à articulação do governo avaliam que o Planalto pode estar subestimando a tensão latente entre o Executivo e o Legislativo, especialmente após o recente e inédito episódio da rejeição do defensor público-geral da União, um revés histórico que marcou profundamente o relacionamento entre os poderes.
A frase “Se Gonet cair, Messias não sobe”, proferida sob reserva por um senador, sintetiza a gravidade da situação. O resultado da sabatina e da subsequente votação de recondução de Paulo Gonet, esperada para as próximas semanas, tem o potencial de definir o rumo da próxima grande batalha institucional entre o governo Lula e o Senado.
Mais do que isso, a votação servirá como um indicador crucial sobre a extensão da lealdade dos aliados de Davi Alcolumbre em um Congresso cada vez mais fragmentado e imprevisível, moldando as futuras estratégias políticas do país.

