Pioneira na TV brasileira, Danieli Haloten desabafa sobre ambiente hostil e a decisão de abandonar a carreira após experiência em 'Caras e Bocas'.
Danieli Haloten, primeira atriz cega da TV brasileira, revelou ter sofrido maus-tratos da equipe de produção durante as gravações de 'Caras e Bocas', impactando sua carreira.
Danieli Haloten, aos 45 anos, marcou a história da televisão brasileira ao se tornar a primeira atriz cega a atuar em uma novela, interpretando a personagem Anita em “Caras e Bocas” (2009), de Walcyr Carrasco. Contudo, o que deveria ser um marco de inclusão, revelou-se uma experiência permeada por dificuldades.
Em uma recente entrevista à revista Caras, Haloten desabafou sobre os supostos maus-tratos que enfrentou nos bastidores da Rede Globo, por parte de membros da equipe de produção.
Natural de Curitiba, a atriz mudou-se para o Rio de Janeiro acompanhada de seu fiel cão-guia, Higgans, para realizar o trabalho. Apesar do acolhimento da maioria do elenco, Danieli relatou um ambiente de hostilidade vindo da produção.
“A maioria dos atores me tratava muito bem, mas o pessoal da produção não queria que eu estivesse ali”, afirmou, evidenciando uma clara resistência à sua presença e, por extensão, à inclusão de pessoas com deficiência no ambiente de trabalho.
Os relatos de Danieli incluem queixas constantes sobre a presença de seu cão-guia, essencial para sua autonomia e segurança. Segundo a atriz, Higgans era frequentemente deixado trancado em uma sala, um tratamento que não apenas desrespeitava o animal, mas também comprometia a mobilidade e o bem-estar da própria Danieli. Essa atitude demonstrava uma falta de preparo e sensibilidade da equipe para lidar com as necessidades específicas de uma profissional cega.
O Impacto na Carreira e a Decisão de Abandonar a Atuação
Mesmo diante de um cenário tão desafiador, Danieli Haloten manteve-se firme e concluiu sua participação na novela “Caras e Bocas”. Sua perseverança em cumprir o contrato, apesar das adversidades, é um testemunho de sua resiliência.
No entanto, o peso das experiências negativas foi profundo e teve consequências duradouras em sua vida profissional.
A atriz revelou que, após essa marcante e dolorosa experiência, tomou a difícil decisão de abandonar a carreira de atriz. O ambiente hostil e a falta de apoio adequado nos bastidores da emissora foram determinantes para que ela optasse por se afastar dos holofotes.
Sua história levanta importantes questões sobre a verdadeira inclusão no mercado de trabalho e a necessidade de ambientes mais acolhedores e preparados para profissionais com deficiência.

