Erosão costeira acelerada ameaça o litoral potiguar, com praias como São Miguel do Gostoso sob risco iminente.
Praias do Rio Grande do Norte correm risco de desaparecer devido à erosão costeira, com taxas que superam a média mundial, impactando infraestruturas e o turismo local.
Praias do Rio Grande do Norte (RN) podem desaparecer em pouco tempo caso medidas não sejam tomadas. A situação foi detalhada por um geólogo, com base em estudos recentes. A erosão costeira, que atinge taxas de 1,2 a 1,6 metro por ano – acima da média mundial de 0,5 metro –, ameaça o litoral potiguar, conforme dados do Laboratório de Geoprocessamento da UFRN.
O geólogo Venerando Amaro, responsável pelo monitoramento das praias, informou que os dados mais recentes, coletados no início de 2025, revelam alta vulnerabilidade ao processo erosivo. As praias de São Miguel do Gostoso, Caiçara, Touros, Galinhos, Macau e Areia Branca são as mais críticas, com erosão de 5 a 6 metros anuais. Em São Miguel do Gostoso, foi registrada a maior taxa de erosão do estado.
Condomínios próximos ao mar já sofrem com a destruição de infraestruturas e residências. A prefeitura de São Miguel do Gostoso argumenta que a faixa de areia de até 300 metros minimiza os impactos das marés, e a gestão das praias é feita desde 2018 em parceria com a SPU. Fatores como o aquecimento do oceano e a localização geográfica do RN, a cinco graus abaixo do Equador, contribuem para a erosão. Secas severas levaram à construção de reservatórios, barrando rios e impedindo o aporte de sedimentos nas praias.
A expansão térmica aumenta a umidade e a intensidade dos ventos, elevando o nível do mar, que sobe de 3,4 a 3,6 mm/ano na costa do RN. A ocupação desordenada também agrava o problema, com construções próximas à linha costeira. Em Caiçara, parte de uma escola foi destruída pela erosão. Há 25 anos, foram instalados 14 espigões nas praias de Caiçara, causando acúmulo de areia em um lado e déficit no outro.
Segundo o geólogo Mateus Ribeiro, as praias de Caiçara possuem alta declividade e baixa capacidade de dissipar a energia das ondas. Venerando Amaro ressalta que as políticas de ocupação não foram adequadas, e as soluções atuais não são definitivas. Em Ponta Negra, estruturas para conter a erosão são consideradas as piores soluções, acelerando o problema. A solução ideal seria a retirada gradual da cidade para áreas mais internas, complementada por engordas de praia. No entanto, a escassez de areia limita essa opção. A tendência é que a qualidade das praias diminua, afetando o turismo e a economia do estado.

