CGU aponta indícios de fraude em mais de 204 mil solicitações de descontos associativos em benefícios de pessoas falecidas.
Entidades de aposentados e pensionistas tentaram incluir mais de 204 mil falecidos em descontos associativos, segundo análise da CGU. AAB aparece entre as instituições com maior número de solicitações indevidas.
Mais de 204 mil pedidos de descontos associativos em nome de pessoas já falecidas foram detectados em análise da Controladoria-Geral da União (CGU) em documentos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares está entre as entidades que tentaram as inclusões irregulares.
A investigação jornalística revela que as organizações apresentaram documentos falsificados ao INSS, buscando aumentar artificialmente o número de associados e ampliar receitas indevidas através de descontos em folha, prática questionada na Justiça por diversos segurados. Entre as 38 entidades autorizadas a realizar descontos, pelo menos 31 tentaram incluir pessoas mortas nas listas de filiados.
A CGU considerou “absurda” a tentativa de cadastrar descontos para beneficiários já falecidos, indicando “forte indicativo de falsificação material de documentos”. A Associação dos Aposentados do Brasil (AAB) se destaca com o maior número de solicitações indevidas, com mais de 27 mil casos de beneficiários já falecidos. Um dos casos é o de Jaime dos Santos, falecido em 25 de outubro de 2002, aos 46 anos, cujo cadastro foi solicitado em março de 2024.
Os descontos não foram efetivados porque os benefícios estavam inativos devido ao falecimento dos titulares. A arrecadação das entidades com descontos em benefícios de aposentados atingiu R$ 2 bilhões em um ano, mesmo sob investigação e processos judiciais por fraude nas filiações.

